domingo, 4 de novembro de 2012

DISCUSSÃO: Somos conscientizadores ou professores?



Eu sou professor de inglês e em uma discussão com um colega estávamos pensando sobre a nossa função como professores e sobre o fato de que muitos professores de língua levam em consideração somente a proficiência lingüística que o aluno consegue produzir em suas avaliações.  Essa discussão motivou esse poste e eu gostaria de expor a minha opinião e saber a opinião de meus amigos professores e também de alunos sobre essa questão.
Primeiramente vale lembrar que perante tantos problemas sociais, há uma pergunta. Os professores conseguem ensinar o conteúdo que eles tentam passar?  Se sim, a educação se resume somente ao um conjunto de conhecimento que um aluno deve entender? E as ideologias que são perpetuadas no seu discurso enquanto docente em sala de aula? E as práticas sociais que são reafirmadas dentro da sala de aula? O professor deve problematizar essas práticas ou somente ignorá-las e passar o conteúdo proposto pelo PCN ou pelo currículo da escola?  
No meu contexto, como professor de línguas em um centro de línguas de uma universidade federal, o objetivo é ensinar língua e desenvolver as habilidades receptivas (ouvir e ler) e produtivas (falar e escrever) dos alunos. Contudo, o que é língua e para que/quem serve essa língua?  A língua inglesa seria somente um conjunto dos sistemas gramaticais e de vocabulário?  O professor tem que se importar mais com que o aluno diz ou com as estruturas gramaticais com as quais ele diz o que diz?
Será possível ensinar só língua? Será que ao ignorarmos questões de sexo, raça, gênero, e igualdade na sala de aula não estamos na verdade é reafirmando que essas questões não existem, assim contribuindo para a sociedade machista, racista, e homofóbica na qual nós vivemos?  Será que ensinar focando somente na língua inglesa não é uma maneira de negar o papel transformador da educação? Mais importante ainda é questionar: o ensino de línguas em cursos de idiomas é ou não é parte da educação? Pessoalmente, eu acredito que sim e queria finalizar esse poste com uma pergunta que eu fiz há muito tempo atrás enquanto eu estudava alguns teóricos do ensino crítico em minha aula de língua: O que adianta os alunos saírem das nossas salas de aula como indivíduos proficientes na língua alvo, mas se eles não têm nada interessante para dizer? 

Um comentário:

  1. Boa tarde,

    Meu nome é Willy, sou Coordenador de Ensino Regional das escolas Wise Up de Goiás.
    Sua pergunta é bastante interessante e já foi tópico de uma reunião entre coordenadores e também de treinamento de professores de inglês.

    Sou da opinião de que o professor de inglês deve se atentar primariamente apenas ao ensino do idioma e secundariamente como mediador imparcial de debates em sala de aula.

    Seu foco primário deve estar na capacidade de comunicação do aluno no idioma estrangeiro e secundariamente como mediador de debates em sala de aula. Neste último caso a postura do professor deve ser a máxima neutra com relação aos tópicos propostos (independentes de serem tópicos delicados ou não) e apenas tendendo para um lado ou outro com a finalidade de única de incrementar o debate. Essa tendência para um lado para o outro é uma técnica para aprimorar a qualidade dos debates, podendo o professor até se posicionar contra seus próprios princípios para incentivar uma melhor argumentação por parte dos alunos. É claro que, é preciso deixar evidente para os alunos que esse posicionamento é uma situação hipotética e não uma declaração de opinião.

    Na minha sincera opinião o professor, sendo uma autoridade na sala de aula, não deveria emitir declaração de opinião subjetiva ou ideologia em sala de aula uma vez que seu cliente, o aluno, pode não estar de acordo com a visão de mundo do professor e assim prejudicar eventualmente a relação professor/aluno, aluno/escola e pais/escola. E isso vale para todos os professores de todas as disciplinas.

    Imagine um professor de matemática se declarando antiamericano. Ou de história contra o atual governo ou homofóbico. Ou o de geografia a favor/contra o aborto. Ou de português de que seja ateu ou cristão. Enfim, cada um deveria se concentrar naquilo que ensina e, se a situação permitir, incentivar o debate sobre qualquer assunto visando apenas à capacidade de raciocínio e lógica dos alunos. Afinal, essa é a finalidade da escola. Caso seja o professor questionado particularmente é claro que responderá com sua opinião honesta.

    Posso usar um exemplo meu: certa vez, quando professor, tive uma turma de 5 alunos de nível avançado, por coincidência ateus como eu. Durante a aula iniciou-se um debate acalorado sobre religião e sabendo do posicionamento de cada um deles, optei por ser aquele que iria questionar a opinião deles utilizando para tal estruturas como “what if...?” e “Then why...?” Eu explorei tanto a argumentação deles, criando situações onde eles teriam que se justificar cada vez mais elaboradamente, que ao final, quando já estavam de pé e saindo, eles me perguntaram se eu era evangélico. Respondi que não, que era ateu também.

    Mas a ideia central que quis passar para eles é que posicionando em favor do debate racional e equilibrado eu de certa forma contribui para enriquecer ainda mais a argumentação racional deles.

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